No próximo dia 18, a encíclica Laudato Si’ – sobre o cuidado da Casa Comum, redigida pelo Papa Francisco, completará quatro anos. O documento é considerado um marco na abordagem da temática socioambiental pela Igreja e tem como proposta principal a conversão ecológica, numa perspectiva de uma ecologia integral, na qual relações, pessoas, a natureza e as crises, “tudo está interligado”.
No Brasil e no mundo, diversas iniciativas ressaltam o momento de celebração pelo documento que convida, entre outras provocações, a refletir sobre o futuro do planeta. O bispo de Brejo (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom José Valdeci Santos Mendes, afirma que celebrar o aniversário da Laudato Si é “exatamente assumir esse compromisso com a questão ambiental, com uma ecologia integral onde se leva em conta as comunidades tradicionais, o equilíbrio ambiental. Isso exige de nós sempre mais esse zelo pela casa comum, pela criação de Deus”.
Dom Valdeci recorda os desafios atuais relacionados ao agronegócio, ao avanço na exploração de minério e nas instalações de parques eólicos, “tudo isso sem o devido cuidado com a casa comum e com as questões ambientais”. O bispo ressalta que a celebração do aniversário da encíclica sobre o cuidado da Casa comum “requer de nós lutar para que de fato haja um equilíbrio, que não haja tanta exploração ambiental, que atinge também nossos irmãos e irmãs indígenas, as comunidades quilombolas, pescadores e pescadoras, quebradeiras de coco, os nossos lavradores e lavradoras”.
O bispo que preside a Comissão que atua junto às Pastorais Sociais da Igreja destaca ainda que esta é ocasião para “reassumir este compromisso com o Papa Francisco”, e ressalta a preparação para o Sínodo para a Amazônia – marcado para outubro – “que, de fato, a gente possa zelar cada vez mais criação de Deus e sermos estes testemunhas da criação, sermos este testemunho de fidelidade do seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo nos comprometendo com a vida, diria a vida humana, mas também a vida de toda a criação”.
O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar. O Criador não nos abandona, nunca recua no seu projeto de amor, nem Se arrepende de nos ter criado. A humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum.
Papa Francisco – Carta encíclica Laudato Si’ (2015), 13
Bioma presente no Brasil que ganhou especial atenção do Papa no documento, a Amazônia também celebra os quatro anos da Laudato Si’. Neste ano em que será realizado o Sínodo, o regional Norte 1 da CNBB, junto com o comitê local da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), produziu vídeos com testemunhos de agradecimento pelo documento papal.
“Neste quarto ano da encíclica, estamos vivendo um momento histórico muito bonito que é o Sínodo para a Amazônia. Somos muito gratos a Deus por termos nascido e estarmos vivendo neste chão sagrado da Amazônia. Obrigado ao Papa Francisco pela grande preocupação para com a criação divina. Que possamos ser os guardiões desta criação. Louvemos ao criador por tudo que temos e que somos!”, manifestou o secretário-executivo do regional Norte 1, diácono Francisco Lima.
CELEBRAR O QUARTO ANO DA LAUDATO SI"Estamos esse ano celebrando o quarto aniversário da Encíclica do Papa Francisco, Laudato SI, que para nós daqui da Amazônia tem sido um documento fundamental em vista que a Amazônia é realmente aquela Casa Comum que o documento fala, que a Laudato SI fala, aliás a Amazônia está presente na Laudato SI, essa ecologia integral, nessa integração do ser humano com a natureza e isso a gente sente e vive aqui na Amazônia. E o documento vêm reforçar, tudo aquilo que nós aqui na Amazônia tem vivido, tem buscado e lutado, que é esse equilíbrio com a natureza, com a presença nossa, nesse ambiente. E juntando a isso tudo o Papa também nos presenteia, nos brinda com um Sínodo para a Amazônia que só vem reforçar espiritualidade da Laudato SI. Nesse sentido nós só que dizer realmente aquilo que é o espírito da Laudato SI que é louvar ao criador por tido aquilo que é de Belo que nós temos aqui na Amazônia. Transcrito por Patrícia Cabral Vídeo: Diácono Francisco LimaComitê REPAM Norte 1
Posted by CNBB Regional Norte 1 – AM/RR on Wednesday, May 22, 2019
Para a religiosa Roselei Bertoldo, que atua na Comissão Episcopal de Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB, o documento reforça tudo o que o povo da Amazônia e os missionários que ali aquilo têm vivido, lutado e buscado, “que é esse equilíbrio com a natureza, com a presença nossa, nesse ambiente”. Para irmã Rose, como é conhecida, o Papa os presenteou com o Sínodo para a Amazônia, “que só vem reforçar espiritualidade da Laudato Si’”.
Em âmbito mundial, o Movimento Católico Global pelo Clima tem se comprometido a levar a proposta de conversão ecológica ao mundo inteiro, com o propósito de formar a “Geração Laudato Si’”, cujo principal público são os jovens, como a sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que desencadeou paralisações pelo clima em todo o mundo a partir de uma mobilização em frente ao parlamento do seu país.
Após repercussão da iniciativa pela Europa e o encontro de Greta com o Papa Francisco, no mês de abril, os eventos de sexta-feira se estenderam por todo o mundo, com registros na Casa Branca, em Roma, na Nigéria e no Equador, por exemplo.
Com o apoio de autoridades do Vaticano, o grupo tem se portado como os agentes que desafiam “comunidades de fé e a sociedade civil a uma conversão ecológica radical”.
Assinada pelo Papa Francisco no dia 24 de maio de 2015, a encíclica foi apresentada ao mundo, em 18 de junho daquele ano.