Pe. Admilson de Jesus
Diocese de Xingu – Altamira - PA
Os Padres não estão sozinhos. Fazemos parte de uma Família. A Família Presbiteral! E essa utopia pode ser realizável, desde que nos empenhemos nesse propósito. Sonho que se sonha coletivamente se torna concreto.
Todas as vezes que nos deparamos com o eventual comportamento suicida de Presbíteros ou que abandonam o ministério, isso nos intriga, e nos questionamos, o que ocasionou tal atitude, trabalho em demasia, falta de lazer, falta de motivação?
Geralmente se espera do Padre que seja um modelo de virtudes. Mas, não podemos esquecer que por detrás de um homem consagrado, existe um humano com suas fraquezas e limitações, e muitas vezes nem nós padres nos percebemos assim.
por detrás de um homem consagrado, existe um humano com suas fraquezas e limitações
Muitos são os questionamentos que vão surgindo em busca de uma resposta que nos faça entender o porquê destes fenômenos.
Muitas vezes atribuímos a responsabilidade e cuidado com os Padres, unicamente ao Bispo, mas, muitas coisas cabe a nós que fazemos parte de um presbitério e estamos no mesmo barco. Nós fazemos parte de um todo e supomos um todo que é maior do que a soma das partes.
Cabe neste momento uma profunda reflexão acerca do nosso ministério e da nossa comunhão presbiteral; e um deles é como estou me cuidando e cuidando do outro? O amor, a caridade, a unidade e solidariedade que tanto pregamos nos púlpitos das nossas igrejas, se fazem presentes entre nós? Temos uma boa convivência? E nossa fraternidade, nossa vida de oração e relação com os paroquianos, vai bem? Não podemos ser vistos como meros administradores à frente de uma "empresa" que precisa lucrar, mas, também precisamos cuidar com zelo da pequena porção do rebanho que nos foi confiado, para que não se sintam cansados e abatidos, como ovelhas sem pastor! A forma como vivemos, reflete se estamos felizes e realizados no ministério.
A forma como vivemos, reflete se estamos felizes e realizados no ministério.
O Papa Francisco ao longo do seu pontificado vem alertando para o perigo da autorreferencialidade, eu me basto, e vivo na minha ilha, como se não precisássemos de ninguém! Me parece que os "santos" e os "pecadores" entre nós, são sempre os mesmos e nos tornamos taxativos.
Quando consultados pelo Bispo, temos critérios próprios para acolher ou ajudar um padre, e quantas vezes dizemos que não queremos, este ou aquele por que tem problemas, vai custar financeiramente, a Paróquia não tem condições de acolher e manter dois padres, é pequena e sozinho “eu dou conta”.
Creio que entre as missões do Bispo, uma delas seja promover a unidade do seu clero, mas muitas coisas só serão possíveis se tomarmos consciência que precisamos urgentemente cuidarmos uns dos outros e em vez de olhar para os limites e falhas dos colegas, tentar ajudar antes que seja tarde. Isso sim é caridade presbiteral. Concluo com um pensamento do Papa Francisco extraído da Fratelli Tutti: “A partir da intimidade de cada coração, o amor cria vínculos e amplia a existência, quando arranca a pessoa de si mesma para o outro”. (FT 88)
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