Por Tiago Miotto, da assessoria de comunicação do CIMI
Um novo ataque a tiros marcou, no início do ano, a continuidade da grave situação de violência na Terra Indígena (TI) Arariboia, no Maranhão. Na manhã desta segunda-feira (9), dois jovens indígenas do povo Guajajara foram baleados nas proximidades da aldeia Maranuwi, na região do Lago Branco, no município de Santa Luzia. Ambos foram hospitalizados no município vizinho, Grajaú.
Segundo relatos dos indígenas, Benedito Guajajara, de 18 anos, e um adolescente Guajajara, de cerca de 16 anos, retornavam a pé de uma festa na aldeia Tiririca, vizinha à sua, pela rodovia MA-006. Por volta das cinco horas da manhã, já perto de casa, foram atacados com disparos efetuados a partir de um carro preto. Os indígenas foram baleados e o autor dos tiros fugiu.
“Já estava amanhecendo o dia, parou um carro preto e disparou neles, já perto da aldeia. O pessoal da aldeia escutou e foi ver, e encontrou eles caídos”, relata um indígena da região, não identificado por razões de segurança.
Até a tarde desta terça-feira (10), ambos permaneciam hospitalizados, segundo informações do Polo-Base de Saúde Indígena de Grajaú (MA). Benedito, baleado na cabeça, encontrava-se em estado grave.
“É preocupante essa onda de violência que continua acontecendo contra o povo Tenetehar-Guajajara naquela região. Isso é resultado da impunidade, porque os crimes não estão sendo investigados, não tem ninguém sendo punido, e isso potencializa a violência”, avalia Gilderlan Rodrigues, coordenador do Conselho Indigenista Missionário – Cimi Regional Maranhão.
O ataque guarda semelhanças com outros dois casos recentes, ocorridos em setembro de 2022. Naquele mês, três Guajajara da TI Arariboia foram assassinados em circunstâncias ainda não esclarecidas: Janildo Oliveira Guajajara e Jael Guajajara, assassinados no dia 3 de setembro, e Antônio Cafeteiro, morto a tiros pouco mais de uma semana depois, no dia 11.
Todas as mortes ocorreram de madrugada: Janildo foi morto a tiros num ataque no município de Amarante do Maranhão, que também deixou um adolescente Guajajara ferido.
Os casos de Jael e Antônio Cafeteiro são ainda mais parecidos com o ataque desta segunda-feira: ambos foram assassinados em estradas que cruzam o território. Jael foi encontrado já sem vida, com marcas de espancamento, às margens da mesma rodovia MA-006, enquanto Antônio foi assassinado com seis tiros, na estrada que leva ao povoado Jiboia, próximo ao limite da terra indígena.
“É importante que os órgãos responsáveis deem uma resposta, para que os indígenas possam viver com tranquilidade dentro do seu território”, cobra Gilderlan.
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