Tanto em nossas diretrizes gerais da ação evangelizadora no Brasil, como nosso plano regional e arquidiocesano de pastoral tem como objetivo comum, a evangelização através das Comunidades Eclesiais Missionárias. Ao longo de minha vida ministerial, tenho refletido, sugerido e incentivado nossos agentes de pastoral, consagrados, lideranças, coordenações e o povo de Deus, sobre a necessidade de vivenciarmos o espírito comunitário entre nós e nas nossas ações evangelizadoras. Para isso, tenho me servido do texto dos Atos dos Apóstolos, capítulo dois, versículos quarenta e dois a quarenta e sete. Nele encontramos os fundamentos de uma comunidade cristã.
Qual é o Espírito que deve penetrar e impulsionar os membros de uma comunidade eclesial? Certamente que na comunidade, as pessoas se unem pela fé em Jesus Cristo e pelo amor entre si. Na comunidade o mais importante são as pessoas, o seu ser, a fraternidade e a partilha. As pessoas são encaradas como amigas, como irmãs, como companheiras e com os mesmos direitos e deveres. Na comunidade a autoridade é um serviço, uma ajuda para o bem comum. Se organiza a comunidade na fraternidade, na justiça, no amor, na igualdade, respeitando cada pessoa com seus valores, dons e dignidade. A comunidade deseja unir todas as pessoas numa grande família, onde todos possam viver na segurança e na paz. Prevalece sempre e somente a verdade, a justiça, o amor. As decisões são refletidas, meditadas e assumidas por todos os participantes, à luz da Palavra de Deus, tendo em vista o bem comum. É na comunhão e na participação, que se busca uma vida digna para todos.
A comunidade deseja unir todas as pessoas numa grande família, onde todos possam viver na segurança e na paz.
Mas, o que devemos fazer para formar uma comunidade? Quais os primeiros passos? A comunidade começa a ser formada por um pequeno grupo de pessoas. Jesus começou sua missão com doze discípulos que o seguiam. Assim devemos fazer também nós. Reúna com as famílias mais próximas, ou com famílias que desejam crescer na fé e no compromisso cristão, procure cultivar a amizade e a partilha da vida com essas pessoas. É assim que começa a Vida em Comunidade.
Aos poucos a Vida na Comunidade vai ajudando as pessoas a: Criarem laços de fraternidade, valorizando cada membro como filho e filha de Deus. A vida em comunidade ajuda as pessoas a amadurecer, a vivenciar a fé, a ser reconhecido, a aprender e a participar ativamente da igreja.
O que é importante acontecer na Comunidade? Todos devem participar, com suas opiniões, com sua experiência de vida. Os encontros devem ser periódicos. As pessoas devem gostar de participar. Devem se sentir bem. É bom utilizar dinâmicas que ajudem as pessoas a pensar e refletir sobre o tema meditado. É muito importante a divisão de tarefas entre os membros do grupo, de tal modo, que todos possam assumir uma atividade. É bom também a comunidade ter um pequeno planejamento, onde todos os membros tenham clareza do que se pretende fazer, ou seja, os objetivos da comunidade. Uma serena avaliação vai ajudar a saber se estamos conseguindo alcançar os objetivos e como estamos enfrentando as dificuldades encontradas.
Esforcemo-nos para criar e fortalecer nossas comunidades eclesiais em nossa arquidiocese.
Dom Gilberto Pastana
arcebispo de São Luís do Maranhão
Presidente do Regional Nordeste 5 da CNBB.
*Artigo publicado no Jornal do Maranhão - Agosto/2024.
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